8 coisas que você precisa saber sobre suicídio

1. A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, aponta o relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o tema. No Brasil são 32 casos por dia.

Segundo o CVV, (Centro de Valorização à Vida) em sua cartilha “Falando Abertamente sobre o Suicídio”, no Brasil são 32 casos diários, ou seja, uma pessoa tira sua própria vida a cada 45 minutos.

2. A recusa em se falar do tema dificulta bastante a prevenção.

Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, a ​psicóloga e cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, Karen Scavacini, aponta que a recusa em se falar do tema dificulta bastante a prevenção.
“A ideia de que não se pode falar sobre suicídio é o que mais atrapalha. Quando se acha que não pode falar, você não ajuda, aumenta o tabu. Como ajudar alguém se você não pode perguntar claramente se ela está pensando em tirar a própria vida?”, diz.

3. A pessoa que comete suicídio geralmente dá pistas sobre isso.

Karen diz que “80% das pessoas com um comportamento suicida dão sinais de que pretendem se matar e infelizmente muitas vezes esses sinais só são interpretados depois da morte”. No caso dos adolescentes, Karen explica que o problema é maior: eles falam claramente que desejam se suicidar, porém pedem segredo aos amigos.
Segundo o “Mapa da Violência 2014 – Os Jovens do Brasil”, do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), entre 1980 e 2012, as taxas de suicídio no Brasil cresceram 62,5%. É a terceira causa de morte no país, depois de acidentes de trânsito e homicídios.
Segundo a OMS, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos. O problema é que apenas 28 países do mundo contam com programas de prevenção. No Brasil, o Ministério da Saúde conta com um o programa de Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, instituído em 2006.

4. Ao falar que pretende se matar, a pessoa com comportamento suicida quer sim chamar atenção, mas não no sentido de manipular — e sim de pedir ajuda.

É comum pensar que a pessoa que diz que quer se matar deseja chamar a atenção das outras pessoas. Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, a voluntária e porta-voz nacional do CVV, Adriana Rizzo, afirmou que “normalmente a pessoa quer chamar atenção sim. Isso se dá porque ela já tentou outras alternativas e a única forma de pedir ajuda que ela encontra é essa”.
Karen completa: “nós profissionais encaramos o suicídio como um sintoma, uma forma de a pessoa sinalizar que está enfrentando um problema que acredita não ter solução. Ela está chamando atenção, sim, mas não para manipular. Ela simplesmente não consegue falar de outra forma. É um pedido de ajuda.”

5. A mídia pode sim abordar o suicídio, desde que tenha responsabilidade e não o torne algo glamouroso.

Karen explica que dependendo de como o assunto for abordado, os índices podem realmente aumentar e cita como um exemplo ruim o caso da revista Caras, que em 2011 noticiou o suicídio da atriz Cibele Dorsa com a chamada ‘A atriz que morreu por amor’. Para Karen, o erro foi romantizar a situação e fornecer detalhes e imagens.
A psicóloga afirma que, se o suicídio for noticiado da forma correta, a mídia pode ajudar bastante na sua prevenção. “Antigamente não se falava de AIDS e câncer como hoje em dia se fala, e por isso vemos um grande avanço nos programas de prevenção”, diz.
Para Karen, é preciso falar com atenção sobre o assunto e sem explicações simplistas. É necessário apresentar dados sobre o suicídio e características de quem tem o comportamento suicida, porque isso ajuda a esclarecer o tema. “A pessoa não pode ser reduzida a apenas um​ suicida. Ela​ tem vários comportamentos e um ​deles​ é o suicida. Também não se deve ​revelar​ o método ​e o​ local, ​nem publicar​ fotos,” conclui.
Adriana completa: “É preciso sensibilidade, não pode ser noticiado de forma sensacionalista. ​É​ um problema de ​saúde pública​ e é preciso espaço para que quem pensa em tirar a vida possa ​encontrar alguém ​com quem conversar”.
A cartilha “Prevenção do suicídio – Um manual para profissionais da mídia”, de 2000, aponta que que é de suma importância a divulgação de listas de serviços de saúde mental disponíveis, telefones e endereços de onde pode se obter ajuda, listas com os sinais de alerta de comportamento suicida e esclarecimentos de que o comportamento suicida está frequentemente associado a depressão e é tratável.

6. A pessoa que comete suicídio quer fugir de algo que acha que não tem solução.

Karen explica que ​as pessoas com comportamento suicida não querem​ realmente morrer. “Elas querem fugir de algo que acham que não tem solução, querem acabar com a dor e o sofrimento intenso ​pelos quais estão passando” diz.
Já Adriana aponta que é o ​acúmulo​ de problemas que leva a pessoa a tentar acabar com a própria vida. “Não é algo que acontece de uma hora ​para​ outra. Existem muitas histórias, experiências, um ​acúmulo​ de situações não resolvidas e, de repente, chega-se a um ponto em que a pessoa realmente não consegue enxergar uma saída”.​
Karen relata ainda que em 90% dos casos de pessoas com comportamento suicida a depressão ​está presente. “​Existem​ ainda o que chamamos de comorbidades, que são casos de depressão associada ao abuso de álcool e drogas”. A ​psicóloga aponta ainda que em casos de transtorno bipolar e esquizofrenia são altos os índices de tentativas de suicídio.
Segundo a cartilha “Prevenção do suicídio – Um recurso para conselheiros”, divulgada pela OMS em 2006, “cerca de 90% dos indivíduos que puseram fim as suas vidas cometendo suicídio tinham alguma perturbação mental e que, na altura, 60% deles estavam deprimidos”.

7. Qualquer pessoa pode ajudar alguém que apresente sinais de um comportamento suicida.

O primeiro passo é falar sobre o tema e escutar. “Quando a pessoa que pensa em morrer conversa com você, ​você dá a ela a oportunidade de ouvir a si mesma. Algo dentro dessa pessoa está descontente e, quando você dá espaço para ela falar, faz com que ela organize as ideias e se ouça,” diz Adriana.
Karen afirma que quem está próximo a pessoas que pensam em suicídio “precisa entender que é um sinal de dor e não egoísmo”. “Então é preciso escutar e ajudar na busca de um psiquiatra ou psicoterapeuta. Caso a pessoa aparente estar decidida é preciso dificultar acesso a medicação e outros objetos que ela possa usar para se machucar”, explica.
A psicóloga afirma ainda que é preciso programas de promoção de saúde mental e maior cobrança das empresas e do governo no investimento na prevenção. “A prefeitura é responsável pela colocação de barreiras de acesso em pontes e o metrô da colocação de portas de segurança nas estações, por exemplo”.
E por fim, Karen ressalta que qualquer pessoa pode ajudar alguém que tem um comportamento suicida. “Além do terapeuta ou psiquiatra, qualquer pessoa que está aberta a ouvir pode ajudar. Um clínico geral, um professor, um amigo. Basta estar aberta e ouvir sem julgamento”, finaliza.
Na página 14 desta cartilha do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria você encontra os sinais que podem te ajudar a identificar pessoas com comportamento suicida.

8. Se você já pensou em suicídio ou conhece alguém que tenha sinais de um comportamento suicida, estas são as coisas que você precisa fazer.

Fale com os profissionais do CVV pelo numero 141, por chat, skype, e-mail ou presencialmente. Veja como aqui.
Em todo Brasil o atendimento pelo 141 tem o custo de uma ligação local. Já no Rio Grande do Sul, você pode ligar no 188 gratuitamente. Ambos os atendimentos são 24 horas.
O Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio também fornece dados e grupos de apoio a sobreviventes, assim como a cartilha da Associação Brasileira de Psiquiatria.

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