Se tem uma pessoa engraçada que conheço na minha vida, essa pessoa é o meu primo Aurelio, sempre que nos encontramos (infelizmente faz tempo que isso não acontece), sempre caio de rir com tanta loucura que ele fala.
Pois bem, mesmo diante de tamanha personalidade contagiante, nos últimos anos ele parecia uma sobra de si mesmo. Nem os prêmios que ganhou como jornalista, nem seus 13 anos de profissão pareciam lhe fazer mais sentido.
“Eu estava completamente infeliz. Minha rotina era robótica. Minha criatividade foi podada. Virei replicador de ideias alheias. E quando me dei conta disso, caí fora. E isso nada teve a ver com gestão. Pelo contrário, minha líder me deu a mão para que eu pudesse atravessar o outro lado e ir ser feliz. O que me incomodava era o padrão da Comunicação. Não era isso que eu queria para mim”, disse em entrevista ao Amo Meu Trabalho.
Tanto que recebeu uma das notícias mais assustadoras nesta época: estava com Síndrome do Pânico. Nesse momento, ele procurou se informar e ler tudo sobre o assunto, buscou tratamento e, uma vez curado, resolveu que não seria inteligente voltar a viver como antes. Decidiu então que era hora de virar a página.
Pediu demissão e passou a dar aulas de Português em cursinhos (Fico orgulhoso de fazer parte disso e ter feito o layout do seu “anúncio” de que estaria dando aulas. Agora ele está estudando para prestar vestibular novamente. O curso escolhido? Medicina 🙂
“Questões econômicas pesaram, sim, mas não foram fundamentais. A minha demora em ‘chutar o balde’ foi mais em decorrência dos espasmos de esperança que eu ainda tinha, de tentar reverter o que eu fazia dentro da empresa. Mas chegou uma hora em que a linha do limite foi ultrapassada. Fui diagnosticado com Síndrome do Pânico, e aí não tive outra saída: fiz todo o tratamento necessário e quando recebi alta, pedi demissão. Tomei essa decisão somente após estar totalmente curado e ter plena consciência da atitude que eu estava tomando”, desabafa.
Muitos comentaram que uma nova pessoa nasceu, mas segundo o jornalista, esse é só ele mesmo, sendo fiel à sua verdadeira essência.
“Todas as vezes que passei de uma etapa para outra na profissão, sempre levei os erros e acertos do emprego anterior, na tentativa de não perder os meus referenciais. Hoje, por exemplo, não tem sido diferente: o que mais faço é tentar me comunicar da forma mais honesta possível. Isso porque o exercício da docência exige uma comunicação de mão dupla. Felizmente, tenho conseguido fazer das minhas aulas um processo democrático. Não sou dono da verdade. Ouço cada aluno e respeito as mais diversas opiniões. Ora, se eu estou vindo de um processo de comunicação o qual eu considerava unilateral, na maioria das vezes, não faria o menor sentido eu ter mudado a rota da minha vida, para fazer dos meus alunos apenas uma plateia atenta, porém, muda”.
Carvalho quer inspirar mais pessoas a não terem medo de mudar a rota de suas carreiras. Ele não acredita que vamos ter uma única paixão a vida toda, já que as coisas mudam:
“Se hoje estou trabalhando com textos é porque hoje eu amo trabalhar com textos, e pronto. Amanhã eu posso não querer escrever um bilhete, e ainda assim, isso me fazer feliz. Depois de tudo que passei, a minha ideia de felicidade não se encontra em sumário de livro nenhum. Se estiver, terá várias edições, pode ter certeza”, conta.
Carvalho também falou honestamente sobre questões financeiras e disse que esta parte na verdade não mudou muito e ganha praticamente a mesma remuneração de antes. Como dica, ele afirma que se você consegue se imaginar fazendo o que gosta com uma mínima possibilidade de ter um retorno financeiro com isso, é hora de arriscar, correr atrás e dar uma guinada na sua carreira.
Comenta que se pudesse voltar no tempo, a única coisa que faria diferente seria respeitar seus limites e ter arriscado mais. Agora, ele quer concluir sua pós-graduação em Docência do Ensino Superior, e, claro, entrar no curso de Medicina.
“Agora, eu sou a minha empresa. O meu conhecimento é o meu patrão e, graças a Deus, está em dia comigo. (…) Não sabia que eu tinha asas. Sou livre. E aproveito cada minuto dessa liberdade. Voltei a sorrir, a me emocionar, a dar um sincero ‘bom dia’ e a não ter medo de ser ouvido. Isso não tem preço. (…) As suas asas, quem dá é você”, finaliza.
Primo, estou muito orgulhoso de você! <3
Fonte: Inquietaria