O que podemos aprender com as desculpas que arranjamos?

“O trânsito estava horrível.” “Eles estão procurando por alguém com mais experiência.” O que não nos falta é um repertório imenso de desculpas. Porém, usar este artifício pode mascarar a verdade do que estamos vivendo.

“Arranjar desculpas é normal”, diz Susan David, psicóloga da Harvard Medical School. “É importante que tenhamos narrativas que nos ajudem a dar sentido às nossas vidas e aos nossos mundos. O problema acontece quando suas desculpas ocupam muito espaço em suas vidas e o impedem de seguir seu coração e seus valores”.

Saber quando você está usando uma desculpa ajudará a determinar quem está no comando: o pensador ou o pensamento, diz David. “Quando o pensador está no comando, você está vindo de um lugar sábio. Você pode responder à pergunta: ‘É isso que eu realmente quero fazer?’”, diz ela. Mas se sua desculpa é cercada por emoções de ansiedade, medo ou raiva, “as desculpas dificilmente vão lhe dar algum alívio”.

Quando você identificar seus pensamentos como desculpas, David diz que há três coisas que você pode fazer para o progredir neste comportamento.

1. Valores antes de desconforto
Uma das principais razões para criarmos uma desculpa é porque nós não queremos fazer algo difícil. Um líder da empresa, por exemplo, pode precisar dar um feedback negativo para um empregado. Como é uma conversa difícil, eles podem criar a desculpa de que estão muito ocupados.

“Está formando uma racionalização mental”, diz David. “Em vez disso, você precisa dar um passo para trás e perceber o sentimento de medo. Decidir se a ação que você está escolhendo não tomar está alinhada com os seus valores.”

Em vez de ser impulsionado por pensamentos e emoções, David diz que devemos ser rodeados por nossos valores. “Um líder pode reconhecer que a justiça é um valor importante, por exemplo. Combater a desculpa por pensar quão justo é se você não der o feedback. Quão justo é para o resto da equipe? Quão justo é isso para você?” diz David. “Afastar a desculpa e focar nos valores irão ajudá-lo a fazer escolhas.”

2. Pense a longo prazo
David sugere se a ação vai levá-lo em direção a ser a pessoa que você quer ser a longo prazo e se é viável. Essa resposta é um teste decisivo que irá ajudá-lo a discernir se o que você está escolhendo para fazer ou não fazer é uma desculpa ou uma decisão justa.

“Nós muitas vezes fazemos coisas a curto prazo que nos fornecem uma sensação de alívio”, explica David. “Podemos sentir imediatamente a melhora, mas se a ideia é viável e nos serve, a longo prazo, precisamos vê-la como uma desculpa e avançar a partir daí”, ela aconselha.

3. Mude sua perspectiva

Desculpas podem surgir a partir da perspectiva da nossa história pessoal. É normal se agarrar ao que é familiar, mesmo que isso não faça sentido, diz David.

“Quando fazemos as mesmas desculpas repetidas vezes, aquelas desculpas se tornam tão familiares para nós que elas podem ser difíceis de detectar”, diz David. “Pode ser algo que foi elaborado em nosso quadro mental, quando estávamos na terceira série. Nossos cérebros interpretam algo familiar como sendo seguro, mesmo se ele não nos servir. É chamada de auto-verificação.”

E você, quais são suas desculpas para fazer as coisas que tem que fazer? Para mudar o rumo da sua vida?

Fonte: Inquietaria

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